Jamor 2012
07 de Fevereiro de 2012
História de um rasganço
enviado por Paulo Júlio Pinheiro e Pina Barreto (sócio n.º 2968)
Desde muito cedo me lembro de acompanhar a Académica. Uma das primeiras recordações que tenho é de ir a Guimarães, no mítico jogo do caso N’Dinga, mas devido à minha tenra idade, ter ficado com a minha mãe no carro à espera que o meu pai viesse do jogo.
Apenas mais tarde, comecei mesmo a ir aos jogos pela mão do meu pai, numa altura em que jogadores como o Latapy ou o Lewis eram estrelas. Lembro-me perfeitamente de ir para a antiga Central A, e alternar o visionamento do relvado com uns jogos de futebol junto à vedação com outras crianças presentes.
Entretanto fui ganhando um gosto cada vez maior pela Académica e mesmo quando o meu pai não ia, lá estava eu, sozinho, a ver a Académica a jogar na 2ª Divisão de Honra, contra equipas como o Louletano ou o “O Elvas”. Os anos foram passando, e a Académica teimava em não subir à primeira divisão. Estivemos por diversas vezes muito perto do objetivo, mas lembro-me que ficávamos sistematicamente um ou dois lugares abaixo da subida de divisão. Entretanto, após muitos anos em que estivemos perto de subir de divisão, lembro-me perfeitamente do ano anterior à nossa subida, em que a descida esteve muito perto de acontecer. Assim, na época 1996/1997 finalmente subimos, com uma equipa onde pontificavam nomes como o Mickey, o Febras ou o Miguel Bruno. A subida foi comemorada num jogo contra o Estoril, em que me lembro da minha primeira invasão de campo após o final do jogo.
Assim, finalmente estávamos na primeira divisão, local onde eu nunca tinha visto a Académica jogar. Pode parecer estranho mas para mim, ainda uma criança na altura, uma das coisas que mais me marcou, foi passar a poder ver jogos da Académica na televisão (coisa estranha nos dias de hoje, onde jogos na televisão é uma coisa que não falta). Esta passagem acabou por ser curta, uma vez que dois anos depois, regressávamos à segunda divisão.
Em 2001 entrei na Universidade de Coimbra, e arranjei diversos amigos que me passaram sempre a acompanhar para os jogos da Académica, sendo que foi nesta altura que também comecei a ir ver jogos fora de Coimbra, tal como a Espinho ou Felgueiras. Foi também neste ano que finalmente me mudei da Central A para a Central B. Logo no meu ano de caloiro, a Académica regressou ao convívio dos grandes, e desde aí, com maior ou menor dificuldade (geralmente maior), nunca mais saiu.
Em todos estes anos de paixão pela Académica, sempre sonhei poder chegar a uma final da Taça de Portugal. Talvez por saber que ganhar um campeonato é praticamente impossível, e ao mesmo tempo por termos conquistado a primeira edição da Taça de Portugal, toda a minha ilusão foi sempre transferida para esta competição. À medida que fui conhecendo cada vez a história desta grande Instituição, o sonho acabou por transformar-se, passando a ser “ir ver a Académica ao Jamor de capa e batina”.
Infelizmente até ao dia em que tive a possibilidade de sair com o “canudo” da Universidade de Coimbra, a Académica nunca me proporcionou a possibilidade de cumprir esse sonho. Então, nesse mesmo dia, prometi a mim próprio que apenas faria o meu rasganço quando esse sonho se realizasse, e este seria no Jamor, para poder realizar o meu sonho de ir de capa e batina. Os anos foram passando, sendo que na época 2010/2011 o sonho esteve muito perto de se realizar. Quando perdemos nas meias-finais com o Vitória de Guimarães, a tal equipa sobre a qual tenho a minha primeira recordação da Académica, achei que este sonho seria mesmo muito difícil de realizar, e que a espera ainda teria que ser muito longa.
Nada mais errado…Após algum sofrimento em Santa Maria da Feira, chegámos finalmente ao Jamor. Tudo parecia correr bem, e o meu sonho seria finalmente realizado.
No entanto, os jogos no campeonato foram começando a correr mal, de tal modo que fiquei convencido que dificilmente conseguiríamos evitar a descida de divisão. Essa descida era um autêntico balde de água fria no meu sonho, fazendo-me até ponderar desistir de o cumprir, tal seria a tristeza do momento. No entanto, um ano depois, novamente com o Vitória de Guimarães, o meu sonho voltou a ser uma realidade, uma vez que não só conseguimos garantir a permanência, como inclusive nos apurámos para as competições europeias. Assim, acabou por ser no estádio do destruidor do meu sonho no ano anterior, que este se voltou a tornar realidade.
No dia 20 de maio de 2012, finalmente cumpri o meu sonho, tendo este sido brindado com a nossa vitória!