Este texto foi escrito pelo …overdadeiro na caixa de comentários abaixo.
“Estávamos no final dos anos 80, tempos em que a Briosa ia espalhando alguma classe pelos pelados da 2ª Divisão, quando os caprichos do sorteio da Taça nos colocou a jogar no Luso contra a agremiação local. “Perfeito, vamos a um leitãozinho na Mealhada e a seguir temos Taça para ajudar à digestão …”
O pequeno campo pelado ia enchendo na mesma proporção que as mesas do “Típico” iam esvaziano, observando o aquecimento dos “pretos” que tentavam adaptar-se aquela relva esquisita e, como o meu pai tão bem o colocava, ao futebol “à flor do saibro” ?
A sessão de aquecimento termina com uma sessão de remates à baliza, tendo ficado um jogador para o fim, como que a querer ter uma ultima palavra neste fuzilamento impiedoso. Já o treinado adjunto recolhia as bolas para regressar ao balneário quando este jogador alça a perna e atira um bico que passou por cima da baliza, da bancada, do muro e da rede que ladeava o campo indo aterrar no pinhal atrás da baliza perante a cara desconsolada do apanha bolas e o olhar divertido dos sócios que iam comentando “3 pontos para o País de Gales …”
Este jogador atira as mãos à cabeça com um meio sorriso, faz um gesto de “espera” ao treinador adjunto enquanto salta a vedação e se atira monte abaixo pelo restolho fora à procura da bola, trazendo-a minutos depois debaixo do braço com ar triunfal …
Esse jogador era o Eldon, que ontem nos deixou. Que continue a marcar muitos golos onde quer que esteja. Que descanse em paz …”
Eldon foi um grande jogador da Briosa. Era possante e generoso na luta. Dava tudo o que tinha lá dentro na defesa da “negra”. Foi com desgosto que li a notícia.
Nestes jogos a norte, normalmente eu e o “Verdadeiro” tropeçávamos sempre num leitão na Mealhada. Lembro aquele jogo noturno no “Mário Duarte” em Aveiro, em que tinhamos imperiosamente de ganhar, vencemos por 1 – O. De coração aos saltos viemos para a Mealhada e por volta da meia – noite, andámos a bater à porta dos restaurantes porque o “Verdadeiro” queria à viva força comer leitão para festejar. E depois da vitória, a noite foi talismã, porque encontrámos um restaurante que naquela hora tardia nos deu de jantar com pompa e circunstância. Memórias de um tempo que não volta.
Foi exatamente como “Verdadeiro contou. No aquecimento, o Eldon mandou um bico monumental e lá foi a bola monte abaixo a rebolar nas silvas. O Eldon, como uma criança que jogava na rua, salta a vedação e aparece passado minutos com a bola debaixo do braço e riso triunfante. Era assim o nosso Eldon. Despretensioso e sem peneiras.
Obrigado Eldon, por tudo o que deste à nossa Académica que te marcou. Marcou tanto, que levaste daqui a mulher com quem casaste, a filha do saudoso Guilherme Luis, nosso massagista e tantos serviços também prestou à Académica…
Que ambos descansem em paz …
Indispensável este post quer pelo texto quer pelo Eldon
Não tinha ideia que fosse o 3º melhor marcador de sempre pela Académica
Eldon para sempre
Briosa para sempre
Foi o melhor marcador do CAC – Clube Académico de Coimbra